um capítulo:

Em uma das ruas do jardim duas rolinhas mariscavam; mas, ao sentirem passos, voaram e, pousando não longe, em um arbusto, começaram a beijar-se com ternura; e esta cena se passava aos olhos de Augusto e Carolina!...
Igual pensamento, talvez brilhou em ambas aquelas almas, porque os olhares da e menina e do moço se encontraram ao mesmo tempos e os olhos da virgem modestamente se abaixaram e em suas faces se acendeu um fogo, que era o do pejo. E o mancebo, apontando para ambos, disse:
-Eles se amam!
E a menina murmurou apenas:
-São felizes!
-Pois acredita que em amor possa haver felicidade?
-Às vezes.
-Acaso, já tem senhora amado?
-Eu?!... e o senhor?
-Comecei a amar há poucos dias.
A virgem guardou o silêncio e o mancebo, depois de alguns instantes, perguntou tremendo:
-E a senhora já ama também?
Novo silêncio; ela pareceu não ouvir, mas suspirou. Ele falou menos baixo:
-Já ama também?...
Ela abaixou ainda mais os olhos e com voz quase extinta disse:
-Não... Não sei... Talvez...
-E a quem?
-Eu não perguntei a quem o senhor amava.
-Quer que lho diga?...
-Eu não pergunto.
-Posso eu fazê-lo?
-Não lho impeço.
-É a senhora.
Carolina fez-se cor-de-rosa e só depois de alguns instantes pôde perguntar, forcejando um sorriso:
-Por quantos dias?
-Oh! para sempre!... respondeu Augusto, apertando - lhe vivamente o braço.
Depois ainda continuou:
-E a senhora não me revela o nome feliz?...
-Eu não... não posso...
-Mas porque não pode?
-Porque não devo.
-E nunca o-dirá?!
-Talvez, um dia.
-E quando?...
-Quando estiver certa que ele me não ilude.
-Então... ele é volúvel?...
-Ostenta sê-lo...
-Oh!... pelo céu!... acaba de matar-me!... basta o nome pronunciado bem em segredo, bem no meu ouvido, para que ninguém o possa ouvir nem a brisa o leve... Pelo céu!...
-Senhor!...
-Um só nome que peço!...
-É impossível!... eu não posso!...
-Se eu perguntasse?...
-Oh!... não!...
-Serei eu?...
A virgem tremeu toda e não pôde responder. Augusto lhe perguntou ainda, com fogo e ternura:
-Serei eu?...
A interessante Moreninha quis falar... Não pôde, mas, sem o pensar, levou o braço do mancebo até o peito e lhe fez sentir como o seu coração palpitava.
-Serei eu?... perguntou uma terceira vez Augusto, com requintada ternura.
A jovenzinha murmurou uma palavra que pareceu mais um gemido do que uma resposta, porém que fez transbordar a glória e o entusiasmo da alma do seu amante. Ela tinha dito somente:
-Talvez.
A Moreninha;